AT-502 Animais cegos, tem qualidade de vida? – CIEV

Animais cegos, tem qualidade de vida?

Animais cegos, tem qualidade de vida?

Perder a visão, para um ser humano, inicialmente é algo assustador. Por isso, muitas pessoas tendem a compartilhar essa percepção para seus animais, após receberem a notícia de que eles podem ter sido acometidos por alguma enfermidade em seus olhos.

Felizmente, de modo geral, nossos companheiros se adaptam muito melhor à privação da visão, do que nós inicialmente podemos supor.

Esta excelente capacidade adaptativa, associada a adoção de  algumas medidas no dia a dia, que mostraremos a seguir, facilitam a vida de todos os envolvidos, nesta que é a realidade de muitas famílias.

 

Adaptação à cegueira:

Embora existam diferenças individuais, nossos animais de companhia são muito menos dependentes do sentido da visão, do que nós, seres humanos. Isso se deve principalmente aos seguintes fatores:

  • Animais cegos, são capazes de memorizar os obstáculos do ambiente, criando um “mapa mental” do espaço em que vivem.
  • A maioria dos animais com os quais convivemos, possuem uma capacidade olfatória e auditiva muito eficientes, que naturalmente diminuem a importância do sentido da visão, para atividades corriqueiras.
  • Animais não sofrem pressão social decorrente da deficiência visual.

 

5 dicas para melhorar a vida do animal cego:

Apesar da extraordinária capacidade adaptativa, existem algumas medidas que quando adotadas, encurtam o tempo de adaptação e facilitam a vida de ambos: os responsáveis e seus animais com perda visual irreversível. Se você convive  com, ou conhece algum animal cego, preste atenção!

# 1 Não mude a casa !

Já sabemos que eles dependem da memorização do ambiente, para viver normalmente, sendo assim, a premissa básica para proporcionar melhor qualidade de vida ao animal cego, é: não criar um ambiente novo! Por isso, não mude os móveis de lugar, evite colocar obstáculos em áreas de passagem como halls e corredores e mantenha comedouros e bebedouros em locais definitivos.

#2 Uso de estímulos para a audição, olfato e tato.

Caso o animal cego conviva com um animal visual, pode-se considerar o uso de um guizo na coleira do animal visual, para que este sirva como guia.

Sensores de presença como os usados em entradas de lojas,  podem ser colocados em áreas específicas para condicionar o animal por meio do estímulo sonoro, a cada vez que ele passar.

Tapetes, emborrachados, ou algo que contraste das demais áreas do piso, podem ser colocados antes de degraus que o animal precise transpor, ou ao redor de mesas de centro para que o animal associe a presença do obstáculo.

#3 Isole as áreas perigosas!

Limite o acesso do animal cego a certas partes da casa. Apesar da maioria dos animais já adaptados subir escadas sem dificuldades, na hora de descer a maioria mostra muita insegurança. Por isso, o acesso a escada não deve ser permitido, sem o acompanhamento. O uso de grades ajustáveis para crianças e pets é a melhor opção.

Sabemos que várias raças gostam do contato com a água, e isso é particularmente comum nos Retrievers (Golden, Labradores, etc) que por sua vez, também são predispostos a formas de cegueira hereditárias. Nos animais cegos, o acesso a piscina deve ser evitado.

Quedas de grandes alturas são um problema principalmente para gatos cegos, podendo também ocorrer em cães. A restrição do acesso a varandas ou sacadas, e o uso de telas protetoras são fundamentais!

# 4 Uso de comandos verbais

         Animais previamente adestrados ou responsivos ao uso de comandos verbais, tendem a se adaptar melhor à privação da visão. Comandos como o “não” ou o “aqui” são muito úteis em situações de perigo em potencial.

É possível estabelecer um rotina de treinamento para que o animal cego aprenda novos comandos e tenha na companhia de seu responsável, maior confiança. Para isso existem Médicos Veterinários especializados, capazes de orientar e estabelecer tais protocolos.

# 5 Mantenha o check-up de saúde de seu pet, em dia.

         É muito mais fácil para um animal com a saúde em dia se adaptar e conviver com a cegueira do que um animal com alguma doença. Para isso, mantenha as vacinas e exames de rotina em dia. Certifique-se de que não existe nenhuma doença que atrapalhe a audição (otites por exemplo), a locomoção (doenças articulares), e o metabolismo (doenças endócrinas) deste animal que precisará do melhor do seu organismo para transpor a perda visual.

Diagnostique a causa da perda de visão, com um profissional habilitado, com especialização em Oftalmologia Veterinária, e certifique-se com ele da necessidade de qualquer tratamento com o uso de colírios ou mesmo a necessidade de algum procedimento cirúrgico.

 

Referências:

Levin CD. Living with Blind Dogs: A Resource Book and Training Guide for the Owners of Blind and Low-vision Dogs. 2nd edn. Oregon: Lantern Publications, 1998.

Symons C. Blind Devotion: Enhancing the Lives of Blind and Visually Impaired Dogs. Scotts Valley: CreateSpace Independent Publishing Platform, 2012.

Tavares-Somma A. SPECIAL SENSES, VISION AND HEARING: INVESTIGATIONS IN HEALTHY AND DISEASED DOMESTIC AND WILD ANIMALS. Tese de doutorado. Universidade Federal do Paraná. 2020.

Deixe um Comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Tel.: (41) 3024-3443
WhatsApp: (41) 99916-4150
Vista Alegre . Curitiba.PR
Rua André Zanetti, 144